domingo, 3 de julho de 2011

Analisando alguns textos Bíblicos



PARTE I
DÚVIDAS
Em relação ao nascimento de Jesus observei as seguintes diferenças:
1 – Herodes, O Grande, aliado dos romanos, permaneceu como rei da Palestina até sua morte no ano 4 a.C. Segundo Lucas 2:1 e 2, teria sido decretado por César Augusto, a realização de um recenseamento. Por essa razão, José e Maria, já grávida, teriam se deslocado de Nazaré, na Galiléia, para a cidade de Belém de Judá, na Judéia, onde Jesus teria nascido;
2 – Em Mateus, conta ter recebido a visita dos reis Magos, e em Lucas a dos Pastores;
3 – Ambos indicam Jesus como nascido em Belém, o que confirmaria ä profecia sobre a vinda do Messias;
4 – Em Marcos e João nada encontra-se sobre o nascimento de Jesus.

Os pontos incoerentes dessas afirmações são os seguintes:
Quanto ao local de nascimento:
1. Não foi encontrada qualquer referência a um recenseamento realizado durante o reinado de Herodes, o Grande;
2. O recenseamento não é citado em Mateus;
3. Os romanos não tinham interferência direta sobre o reinado de Herodes, o Grande;
4. O recenseamento de interesse romano, caso tivesse sido realizado, seria sobre o patrimônio, para fins tributários;
5. Só eram recenseados os homens, chefes de família, e seria realizado no local de residência, ou seja, em Nazaré.
6. Ao tempo de Jesus as pessoas eram identificadas não pelo sobrenome, mas pela referência, “filho de”, “da tribo...” ou pela cidade de origem, como: Maria de Nazaré, Maria de Betânia, Maria de Magdala, Jesus de Nazaré.

Quanto à época:
Se o nascimento de Jesus ocorreu na época indicada por Mateus e Lucas, Jesus teria nascido em 4 e 6 anos antes do que é hoje considerado, pois Herodes, o Grande, faleceu no ano 4 a.C. Essa conclusão se baseia no relato de Mateus 2:16, onde Herodes havia determinado a matança das crianças com até dois anos de idade, visando entre elas eliminar a vida do Messias que, portanto, poderia já ter atingido essa idade.
“Muitos fatos parecem imaginários e acrescentados posteriormente. Tais, por exemplo, o nascimento em Belém, Jesus de Nazaré, a degolação dos inocentes, de que a história não faz menção alguma, a fuga para o Egito, a dupla genealogia, contraditória em tantos pontos, de Lucas e Mateus”.

Última frase de Jesus crucificado:
1- Em Marcos 15:34, o Salmo: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”;
2- Em Mateus 27:46, o Salmo: “Deus meu, Deus meu por que me abandonaste?”;
3- Em Lucas 23:46, outro verso também dos Salmos: “Pai, nas tuas mãos encomendo o meu Espírito”;
4- Em João 19:30, que  assistiu Sua morte, simplesmente: ~Tudo está consumado”.

Com referência à forma especial de concepção, com a virgindade de Maria:
1. É relatada em Mateus e Lucas;
2. Não se encontram referências em Marcos e João;
3. Não se encontra qualquer palavra ou comentário de Paulo, em suas epístolas, o que naturalmente seria de se esperar.

No sermão da montanha:
1- Em Mateus 5:1 consta que Jesus sobe a montanha para falar ao povo;
2- Em Lucas 6:17 é dito que Jesus desce a montanha para falar ao povo, na planície.

A descrição do que fala Jesus nesse sermão, também apresenta diferenças:
1. Em Mateus a exposição do Mestre seria bem mais ampla, sendo relatada em 12 versículos;
2. Em Lucas o relato seria feito em apenas 6 versículos;
3. Não há referências nos outros Evangelhos.

A última frase do “Pai Nosso”, a oração termina com a seguinte frase: “porque teu é o reino, o poder  e a glória para sempre. Amém”; essa frase, no entanto, não existe nos manuscritos primitivos, no texto original em grego, e passou a não mais ser incluída nas versões modernas.
Também no Pai Nosso, nas traduções mais antigas constava em Mateus 6:12: “E perdoa-nos as nossas dívidas, como também nós perdoamos aos nossos devedores”. Nas mais modernas, passou a constar: “perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”.

Os Mistérios
Os conhecimentos que não deveriam ser tornados públicos eram chamados de “mistérios”. A revelação destes só era feita aos chamados “iniciados”; aos pensadores, aos sábios, aos filósofos, aos que se preparavam para assumir posições sacerdotais. Os conhecimentos ministrados envolviam a imortalidade da alma, a vida após a morte, as encarnações sucessivas etc., que de um modo geral eram transmitidos a personalidades de renome.
O próprio Evangelho do Mestre mantém conteúdo oculto, segundo a apreciação de vários dos estudiosos da Doutrina Cristã.
Orígenes: “As Escrituras são de pouca utilidade para os que as tomem como foram escritas. A origem de muitos desacertos reside no fato de se apegarem à sua parte carnal exterior. Procuremos pois, o espírito e os frutos substanciais da Palavra que são ocultos e misteriosos. Há coisas que são referidas como históricas, que nunca se passaram e que eram impossíveis como fatos materiais, e outras que eram possíveis mas que não se passaram”.
Santo Agostinho: “Nas obras e nos milagres de Nosso Salvador há ocultos mistérios que se não podem levianamente,  e segundo a letra, interpretar sem cair em erro e incorrer em graves faltas”.
São Jerônimo: “Toma cuidado, meu irmão, no rumo que seguires na Escritura Santa. Tudo o que lemos na Palavra Santa é luminoso e por isso irradia exteriormente, mas a parte interior  ainda é mais doce. Aquele que deseja comer o miolo deve quebrar a casca”.
O próprio Cristo, ao efetivar seus ensinamentos, levava em consideração essa realidade, nas seguintes passagens:
1. Na parábola do Semeador, em Marcos 4:10 e 11: “Quando se encontrou só, os doze que estavam com ele, interrogaram-no sobre a parábola. Disse-lhes: a vós é concedido conhecer o mistério do reino de Deus; porém aos que são de fora tudo se lhes propõe em parábolas...”, e ainda nos versículos 33 e 34, “assim lhes propunha a palavra com muitas parábolas como estas, conforme permitia a capacidade dos ouvintes. Não lhes falava sem parábolas; porém tudo explicava em particular a seus discípulos”;
2. Em João 3:1 a 10, durante a conversa com um iniciado judeu, encontra-se: “E havia um homem dentre os Fariseus, por nome de Nicodemos, senador dos judeus. Este, uma noite, veio buscar Jesus, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes milagres, que tu fazes, se não estiver com Ele. Jesus respondeu e lhe disse: Na verdade, na verdade te digo que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que não renascer de novo. Nicodemos disse: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez? Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito é Espírito. Não te maravilhes de eu te dizer que te importa nascer de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves  a sua voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele  que é nascido do espírito. Perguntou Nicodemos: como se pode fazer isso? Respondeu Jesus: Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas?”- Jesus teria se surpreendido, por não ser aceitável que Nicodemos desconhecesse os mistérios, pois já era ensinado na Michna antiga, vindo posteriormente, no século II, a constar do Zohar, livro sagrado dos judeus.
3. Na epístola I João 2:20 e 21, encontra-se referência aos ungidos ou iniciados: “Porém vós recebestes a unção do Santo e sabeis todas a s coisas. Eu não vos escrevi como a ignorantes da verdade, mas como a quem a conhece e sabe que da verdade não vem nenhuma mentira”.

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