Muitos de nós, brasileiros, achávamos que isto era       coisa que só acontecia nos Estados Unidos, até que o Brasil inteiro se       horrorizou com o noticiário do episódio ocorrido em Realengo, no Rio de       Janeiro, quando um maluco entrou em um colégio e assassinou doze crianças,       maioria meninas.
       
Maluco??? Sim, vamos ver mais adiante porque a       colocação de maluco.
       
O que teria levado o indivíduo a praticar um ato       daquele?
       
Não façamos a pergunta apenas em relação ao assassino       brasileiro, mas também aos que fizeram algo semelhante nos Estados Unidos       e em outras partes do mundo.
       
Uma possível loucura repentina, sem motivo       algum?
       
Uma tentação de satanás, sem origem nenhuma no       indivíduo?
       
Uma obsessão pesada, como podem dizer alguns       espíritas?
       
É coerente a sociedade e as autoridades resumirem as       suas explicações em respostas como estas que relacionei?
       
A verdade é que a sociedade e as autoridades estão       perdidas, em relação a certas coisas, porque não se dispõem a pesquisar,       estudar e debater as causas diversas que levam o ser humano ao       sofrimento.
       
A Ciência sempre nos disse, de forma lógica e não       filosófica, que não existe efeito sem causa. Mas o idiota do       homem não vê relevância nenhuma nesta máxima.
       
Para mostrar o       despreparo das autoridades e dos educadores, o noticiário nos mostra,       também, que as autoridades cariocas prenderam os homens que venderam a       arma para o criminoso, e anunciam que eles podem pegar oito anos de       cadeia, como se fossem os responsáveis pelo massacre, já que não podem       prender o verdadeiro assassino, porque está morto. 
       
É aquele negócio do “temos que punir alguém”, para dar       satisfação à sociedade, naquela de fazer todo mundo ter a impressão de que       há Justiça, em nosso País. Politicamente é interessante punir alguém,       mesmo que esse alguém não tenha nada a ver com a dimensão da       tragédia.
       
Se alguém vende arma, no Brasil, é porque o país       permite isto. Tanto é que existem lojas que vendem armas e fábricas de       armas, no país, legalmente, funcionando na construção de instrumentos para       matar. 
       
E a questão do bullying, em si, o que teríamos a       dizer?
       
Para começar quero       protestar veementemente pela incompetência do brasileiro em criar uma       palavra, em Português, para identificar essa prática horrorosa, e continua       a usar a palavra em Inglês. Duvido que em Portugal os portugueses têm       tanto desrespeito pela sua língua pátria, a esse nível, como ocorre em       nosso país.
       
Infelizmente tenho que continuar a escrever usando a       palavra assim, porque senão as pessoas não saberão do que estou       falando.
       
O bullying é aquela prática terrível que começa com as       crianças, nos colégios, discriminando, maltratando, agredindo e até       torturando outras crianças, pelo fato de serem gordinhas, magrinhas,       altas, baixas, usando óculos ou terem um defeito qualquer em seu corpo,       como uma orelha grande, um nariz grande, etc.
       
Nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro existe mais       um tipo de agressão, que é o praticado contra o nordestino, por causa do       seu sotaque: “baiano burro”, “paraíba”, “cabeça chata”       e outras. 
       
Sai da fase infantil, entra na adolescência e continua       a fazer a mesma coisa.
       
Conclui o segundo grau, presta o vestibular,       habilita-se a entrar na Universidade e já começa praticando um dos atos       mais selvagens e ridículos da cultura brasileira que é o famigerado trote       em cima dos que passaram.
       
Não importa se os colegas concordam ou não com esse       estúpido costume, os desequilibrados e violentos praticam as agressões e       muitos pais ainda acham lindo, aquele ato de selvageria.
       
Ninguém, no Brasil, faz nada contra essa vergonhosa       palhaçada.
       
A imprensa ainda dá cobertura e mostra, nos       telejornais, os trotes praticados em todo o Brasil e não se vê o mínimo de       inteligência dos produtores jornalistas para se perguntarem qual a razão       de levarem ao ar algo tão estúpido.
       
Os diretores de        colégios são extremamente rigorosos em relação a alunos que estão       namorando, proíbem veementemente o namoro no colégio, recomendam aos       inspetores e funcionários de vigilância a ficarem de olho, pra ver se tem       alguém namorando em algum lugar, são eficientíssimos como verdadeiros       detetives ao descobrirem alunos namorando até em salas de depósitos e em       áreas do estabelecimento onde quase ninguém vai...
       
Todavia não se utilizam da mesma energia e do mesmo       rigor para investigarem, também, se no mesmo colégio tem alunos praticando       bullying.
       
O que causa mais desgraça e tragédia, o namoro ou o       bullying?
       
E, por conta disto, muitas crianças chegam em suas       casas machucadas, feridas e traumatizadas, com medo até de contarem para       os seus pais, o que está acontecendo, porque foram ameaçadas de apanharem       mais, caso contem para alguém.
       
E muitos pais, como verdadeiros idiotas, fingem que não       sabem que isto existe e outros acham que, simplesmente, “isto é coisa de criança”, e não fazem       nada, sem se darem conta do que pode acontecer com o seu filho, no futuro,       por causa daquilo.
       
O adolescente que opta por não se iniciar no campo do       alcoolismo e do tabagismo, come o pão-que-o-diabo-amassou, tão grande é a       pressão que sofre dos seus colegas que, em nome da “liberdade”, estão       usando e abusando da “cachacinha” e do “cigarrinho”.
       
Todo mundo sabe daquelas pressões, que muito ocorrem       nos colégios:   
       
“Ah, marica. Você não       bebe, não fuma e nem-nem...?”
       
E haja gozação em cima, haja pressão e haja       tortura.
       
Ninguém fala nada contra isto, não existe em grade       curricular nenhuma qualquer matéria que fala sobre isto, o Ministério da       Educação não tem qualquer projeto de educação contra isto e não se vê       ninguém punido por causa disto.
       
Todo o país se revoltou e entristeceu contra o ato       cometido pelo Wellington Menezes de Oliveira, da mesma forma que os       Estados Unidos também se revoltaram contra os assassinos que fizeram a       mesma coisa lá.
       
Claro, temos que nos revoltar mesmo, porque é       inadmissível que algo tão bárbaro aconteça.
       
Mas pelo amor de Deus gente, será que devemos limitar       as nossas ações apenas em nos revoltar, chamar os criminosos de monstros,       desejar que as suas almas vão para os quintos dos infernos e       pronto?
       
Até quando vamos ficar tapando o Sol com a peneira,       como diz o velho ditado?
       
Por que não se inicia logo, como ato prioritário de       governo, de imprensa e de toda a sociedade um estudo mais sério e ações       mais enérgicas contra as causas que levam as pessoas ao desespero, pelo       bullying e por vários outros motivos?
       
Não se pode continuar com essa estúpida impunidade       contra crianças e adolescentes que agridem. Algo tem que ser feito. E que       não me venham contestar aqueles ridículos críticos que, em seus       radicalismos extremistas, queiram confundir que eu esteja aqui sugerindo       que volte a barbárie contra crianças, nos colégios e nos lares, como era       feito por muitos professores e pais também exagerados, que não tinham       limites nas suas ações de “tentarem” educar.
       
Não estou sugerindo espancamentos de alunos       adolescentes, estou sugerindo punições, rigorosas, sim, mas dentro de       limitações que podem ser identificadas por qualquer educador de bom senso       e não demagogo.
       
Como é que pode, gente, um adolescente meter a mão nas       partes íntimas de uma professora, na frente de todo mundo, sair às       gargalhadas e em tom de deboche e nada acontecer com ele, porque um       demagogo e inconseqüente estatuto determinou que criança e adolescente,       nenhum, no Brasil, pode ser responsabilizado pelos seus atos, inclusive       criminosos?
       
Toda criança e adolescente praticante de bullying é,       implicitamente, um ser perverso, mau, desumano, frio e indiferente em       relação ao seu próximo. Se não for contido, enquanto criança, com certeza       vai ser um adulto possuidor dos mesmos instintos de maldade e       perversidade.
       
O pior, no caso do bullying, é que a vítima fica       desprotegia, enquanto apanha e é torturada, porque não tem a quem pedir       socorro, haja vista que a direção do colégio, em nome do “isto é coisa de criança”, não está nem       aí e não toma providência nenhuma. Se fala para os seus pais, em casa,       eles entendem como desculpa para não querer ir para a escola e não dão a       menor atenção. E a criança se desespera, por não ser ouvida nem pelos seus       pais, que se fingem de cegos e de surdos.
       
Vão reclamar de quem? Vão encontrar proteção       aonde?
       
A tendência é acumular muita raiva, revolta e ódio que,       com o tempo, se transforma em forte desejo de vingança, que se instala       como uma obsessão incontrolável.        
       
No momento em que a coisa explode, vai acontecer em       cima de quem?
       
Do colégio, é claro, porque foi lá que tudo       começou.
       
Mas o bullying não acontece só nos colégios não e nem é       coisa praticada apenas por crianças e adolescentes. Ele acontece, também,       de adultos em relação a adultos, e como acontece.
       
Quantas e quantas pessoas não são chantageadas,       difamadas, boicotadas, sabotadas, pressionadas, humilhadas, agredidas e       torturadas diariamente, em todos os lugares?
       
Os seus carrascos, na descarga dos seus instintos       perversos, mesquinhos e selvagens, quanto mais vêem as suas vítimas       humilhadas e pisoteadas, mais querem massacrá-las, esta que é verdade.       Exemplo disto acontece a todo instante, na nossa frente, e poucas são as       pessoas que não conhecem casos desta natureza.
       
Eu escreveria um livro, aqui, contando inúmeros casos       que pesquisei e procurei ir a fundo, em busca de uma verdade bem        verdadeira, acerca de alguns casos.
       
Relato, por exemplo, o do caso de um crime hediondo,       que aconteceu no Brasil, muito difundido na imprensa, como sempre, e que       levou a sociedade a uma comoção geral. Foi quando um cidadão invadiu uma       casa, matou a dona da casa e seus quatro filhos, inclusive um bebê de       quatro anos. Não roubou nada e nada explicaria tão cruel ato.
       
Na ótica da imprensa tratava-se apenas de um bandido,       um monstro que, “sem motivo algum”, teria cometido aquele ato de tamanha       barbaridade.
       
Porém, investigando-se o fato a fundo, chegou-se à       conclusão de que o tal “monstro”, em toda a sua vida, nunca havia agredido       ninguém, nunca foi assassino e nunca teve o menor desejo de matar ninguém;       fora simplesmente uma vítima de torturas, humilhações e as mais sórdidas       perseguições e difamações por parte do dono da casa, a qual invadiu, que       era um empresário extremamente perverso, que simplesmente era determinado       em acabar com a vida daquele cidadão, seu ex-funcionário, inclusive usando       sua influência, e de amigos, para chegarem a toda e qualquer empresa onde       ele viesse a trabalhar, passando as piores informações para que ele não       ficasse em emprego nenhum. Assim fizeram diversas vezes e o homem não       conseguia trabalhar em lugar nenhum.
       
A história é       longa, daria um livro, e os atos cometidos por esse tal empresário, em       relação àquele “monstro”, foram as piores e mais perversas que você pode       imaginar em sua vida.
       
Houve uma obsessão, no empresário, para não permitir       que aquele cidadão trabalhasse mais em lugar nenhum, não pudesse jamais       ter qualquer meio de sobrevivência e que passasse fome e deixasse, também,       a sua família passar fome e na mais absoluta miséria. Era o que estava       acontecendo.
       
Isto acontece toda hora, gente!!! Há muita gente que       faz de tudo para acabar com a imagem de uma pessoa, inclusive nos meios       religiosos, não dá trégua, fecha todas as portas, difama, calunia, agride,       faz todo tipo de perversidade e maldade de forma sutil, por trás dos       panos, de forma que ninguém perceba e não saiba de onde partiu o processo       de destruição da pessoa.
       
E é aí que eu conclamo o público ao        raciocínio:
       
Quem é que agüenta? Quem é de ferro, para suportar       tanto?
       
Alguns suportam calados, se entregam ao sofrimento, se       acabam mesmo e terminam morrendo no abandono. Mas nem todos são assim. Há       aqueles que só encontram uma saída: A vingança, da forma mais cruel       possível.
       
Foi o que aconteceu no caso que relatei. O homem       resolveu vingar-se em cima da família do seu perseguidor, porque entendeu       que com aquele ato o faria sofrer mais do que se atirasse nele       próprio.
       
Agora concluamos:
       
Eu também acho que o Wellington foi um monstro, por ter       cometido aquele ato contra as crianças de Realengo, no Rio de Janeiro. Mas       será que não houve causa nenhuma para aquele cidadão ter chegado a fazer o       que fez?
       
Será que o Brasil vai ficar na ilusão de achar que as       crianças do Realengo foram as últimas vítimas de tragédias como       esta?
       
O assunto já está começando a sair do noticiário. Novos       escândalos acontecem, novos terremotos, novos aviões caem, novas tragédias       e novos escândalos políticos acontecem para tomar conta dos espaços da       imprensa, todo mundo vai esquecer do episódio de Realengo, nada vai ser       feito em relação ao combate ao bullying, o Ministério da Educação não vai       sair da rotina, vai agir como um simples órgão político, as escolas vão       continuar ensinando para as crianças sobre guerra do Paraguai, guerra dos       Farrapos, guerra da Cisplatina, guerra dos Farroupilhas, Guerra dos cem       anos, Segunda guerra mundial, guerra, guerra e guerra..., sem nenhum       espaço para a Paz, e novos ódios surgirão, novos sentimentos de vingança       estão sendo incrementados, para explodirem a qualquer momento.
       
Espero que a racionalidade dos meus amigos e leitores       ajudem a fazer alguma coisa para tentar mudar este quadro. 
       
          Para a apreciação de       todos.
       
Com um forte abraço.