domingo, 18 de março de 2012

Mãe indiana teria dado a luz a 11 bebês no dia 11/11/11 (é falsa)

O primeiro site a publicar a falsa notícia foi o Zumart. Lá, podemos ver outras fotos dos recém-nascidos. Ao mesmo tempo, o Tumfweko também publicou a mesma história.
De acordo com o jornal New York Times, uma australiana deu à luz 9 crianças em 1971. Infelizmente, os bebês morreram seis dias depois.
Anos mais tarde, em 1999, uma mulher teve 9 gêmeos na Malásia. Os bebês morreram algumas horas depois de nascidos.
Casos de 11 gêmeos de uma vez, nunca houve!
Se a história da mãe (que nem nome tem) é falsa, o que dizer das imagens? Será que são montagens?
As fotos são reais. Ou seja, não houve manipulação digital nas fotografias.
Acontece que, para comemorar o dia 11/11/11, um grupo de médicos juntou 11 bebês que nasceram exatamente naquele dia em um hospital em Surat na Índia. Mas, antes que você fique confuso, explico:
Os 11 bebês são de mães diferentes!
O site de notícias indiano Banglabox explica que as crianças não são da mesma mamãe e que os pimpolhos da foto são muito grandes para serem de uma mesma gestação.
Fonte: E-farsas.

Notícia que circula no facebook é falsa!

Noticia mostra foto de um caminhão carregado de cães vivos que estariam sendo vendidos como alimento em navios coreanos em Santos, litoral de São Paulo. 
Em março de 2012, a história se espalhou na web: Um texto afirma que ambulantes em Santos – São Paulo – estariam vendendo cachorros vivos para refeição aos coreanos que ancoram naquele litoral.
O texto, que vem acompanhado de uma imagem de um caminhão carregado de animais, ainda conta que “Segundo informações do site IG, além do comércio de drogas, o comércio de animais entre moradores e marinheiros é intenso.”.
Somente em uma das várias versões publicadas no Facebook, até a publicação desse post foram mais de 500 “curtidas” e quase 3.000 compartilhamentos!
De acordo com o próprio Portal IG, a história é falsa!
Em um artigo publicado no dia 15 de março de 2012 no caderno de Economia do IG, o texto explica que esse boato deve ter surgido de uma reportagem produzida por eles em janeiro de 2012.
Na ocasião, jornalistas do IG passaram um tempo no Porto de Santos para mostrar como vivem as mais de 6 mil famílias que moram na comunidade Sítio Conceiçãozinha, uma favela localizada bem próximo ao terminal marítimo.
 A imagem é, na verdade, tailandesa! De acordo com o jornal DailyMail, no dia 13 de agosto de 2011, a policia da Tailândia resgatou mais de 1.000 cachorros que estavam sendo contrabandeados para o Vietnã em minúsculas gaiolas. Sim!
FONTE: E-farsas

quinta-feira, 15 de março de 2012

Maria de Nazaré (Mensagem)

MEU FILHO...
Enquanto as criaturas humanas choram, embevecidas pela luz ilusória de celebrações amorosas da tradição cristã e com a austeridade do momento simbólico de reverência a meu filho, ele ao vosso lado está, como amigo sorridente e solidário, no augúrio de que seus discípulos vençam, com presteza, os seus desafios próprios, no planeta, a fim de mais celeremente estarem ao seu lado, no reino da absoluta liberdade do ser, para novas conquistas espirituais de elevação.
Embora somente em algumas nações de vosso planeta suas idéias tenham se estabelecido de forma legítima, está ele em trabalho incansável e ininterrupto na sua mesma causa de despertamento planetário, aliado, porém, nestes tempos singulares da Terra, a imensas falanges de seres de força incomensurável, seus iguais, em suprema demonstração de amor e de doação esplendorosa de seus mananciais de luz divina aos seres humanos.
No afã de socorrerem todas as estâncias planetárias que clamam ardorosamente por proteção, amparo, amor, lenitivo e alimento material e espiritual para suas atrozes dores e necessidades humanas, decorrentes de suas vivências dolorosas nestas circunstâncias de tramitação planetária, ele mesmo, ao lado destes seareiros crísticos intergalácticos apressam-se em providências de escol para que sejam minorados tantos padecimentos.
Mas, amados... meu filho não geme mais desde a sua cruz e a sua ressurreição...
Seu sangue não verte mais como nas interpretações teatrais de vossos patamares de idéias e religiões. Ele não sofre mais pelos açoites e espinhos, pregos e lanças impiedosas...
Ele sofre pelo vosso descompromisso e pela vossa irresponsabilidade...

Ele sofre pela lembrança da sua dor da vida carnal estampada em igrejas vazias e por personagens de corações ocos do amor e do espírito verdadeiramente crístico que ele apregoou...
Meu filho não apóia fanatismos de crenças rígidas, nem das fictícias... Não se alegra com a ignorância, nem com a imposição de idéias, mas tem a paciência de compreender o passo trôpego de seus discípulos ainda imaturos...
Meu filho não endossa a tradição das comemorações dos dias de seu dramático testemunho na Terra com a aberrante avalanche de crenças sobre alimentos do mar e adocicados mimos em fitas multicoloridas, e sabores aprimorados por tecnologias sofisticadas, mas anseia que se desperte para as suas palavras, pois a urgência na Terra é a de que se ouçam os seus apelos à iluminação, os seus ensinamentos sobre o amor ao próximo...

Jesus deseja que o vejais como a fonte inigualável de alimento imorredouro... e que possais dividi-lo com vossos irmãos na forma de testemunhos de vosso espírito de fraternidade...
Meu filho é suprimento superior de energias sublimes... É fonte de vida em abundância, de vida verdadeira do espírito... Portanto, não comunga somente com a prática de lembranças litúrgicas, mas clama, essencialmente, pelo despertamento das criaturas humanas...
Meu filho não recomenda receitas mágicas de ascensão... Ele não compartilha de vitórias sem merecimentos... Ele apela para vosso discernimento, para a correção de vossos vícios morais milenares e do vosso hábito persistente do egocentrismo e do orgulho...
Jesus é o antídoto do mal e o mal ainda cresce em milhares corações por não terem conhecido ainda a luz de seu coração imaculado...
Meu filho ainda sussurra aos ouvidos de todos os filhos da Terra as suas parábolas que direcionam seus passos... e ainda quer que eles o ouçam no íntimo de suas almas aflitas ou indiferentes para se salvaguardarem de mais momentos de dor ou desarmonia, discórdia ou desolação...
Meu filho ainda é o oásis onde corre a água do regato que dessedenta, onde respira a árvore abençoada que dá sombra amiga...
Meu filho é como um céu cheio de estrelas... é como olhar para o alto e encontrar a solução, a resposta e o conselho sábio de Deus... pois ele é a voz do Pai na face de um Filho que se fez homem e irradiou luz de esplendor miraculoso...
Ele é a bússola que orienta, o medicamento poderoso que alivia e regenera, a palavra que consola, a abóbada majestosa de sua igreja espiritual de ímpar condição hierárquica sobre a Terra, com a dimensão infinita de sua aura espiritual de origem divina...
Meu filho não deseja que conheçais outras paragens de dor no Universo, pois luta sofregamente até os dias de hoje para que reconheçais definitivamente as suas palavras que apontam o norte de vossos caminhos para onde não descambareis mais pelas armadilhas abissais das sombras espirituais que rondam os seres humanos para a sua derrocada...
Cristo Jesus ainda é o irmão Maior que vos sorri sublimemente como professor paciente diante dos seus discípulos inquietos e alvoroçados por conquistas efêmeras de poder e materialidade...
Meu filho é esteio de suave paz, como rede em tecidos acariciantes e macios, que faz descansar os vossos corpos cansados depois de tantas caminhadas e jornadas, e as vossas almas depois de exaustivas experiências e desencontros...
Meu filho é ternura de mãe, é autoridade de pai, é solidariedade de irmão, é cumplicidade de amigo, é alegria de jovem, é sabedoria de ancião, é pureza de criança, é sutileza de mestre...
Não vos lembreis dele na cruz... em púrpuras torrentes de dor inigualável descendo pela suas fronte em realeza ridicularizada...
Acalentai na vossa alma a lembrança de sua augusta presença atuante e estuante de vida, força e luz, nos vales e campinas da Galiléia, nas margens do rio Jordão, nas plagas sedentas de amor e consolo, em Genesaré...
Meu filho é convite eterno à redenção e à paz!
Meu filho é o enfermeiro que socorre e apazigua, é o médico que opera e extirpa vossos tumores renitentes de orgulho e ignorância, egoísmo e desamor, se derdes a ele a autorização para entrar em vosso ser, em vossa mente e em vosso coração e derramar a sua anestesia derradeira para a vossa cirurgia definitiva de cura e libertação...
Meu filho é a doçura que dará conforto às vossas desolações... é o calor de coração avatárico gigante, aquecendo o vosso lar, a vossa vida e a vossa alma em chamas imorredouras de esperança, de coragem e de fé...
Meu filho...!!! Filho do Pai! Filho do Eterno e do Insondável Pai!
Filho que Deus me deu para transmutar a Terra!
Filho que habita comigo os reinos angelicais e as paradisíacas paisagens etéricas do mundo celestial de magistral e portentosa beleza... mas que desce com os anjos à Terra, para ainda estar ao vosso lado, até o consumar das eras de expiação de vosso orbe, em meio a toda esta turbulenta e cinzenta massa astral plasmada pelos vossos descompassos e pelos vossos descaminhos...
Filho que se impõe aos equivocados príncipes da discórdia planetária que ainda ingenuamente pretendem abolir a sua sublime presença na psicosfera de vosso orbe... mas que desertarão de suas pretensas mancomunações quando o Pai der, através de Cristo, o seu último sinal, com seu dedo de Justiça e Misericórdia...
F
ilho que luta, brada e brame a sua espada de poder sobre a Terra, ao lado de Miguel...
Filho que incendeia de violáceas chamas a Terra, ao lado de Germain...
Filho que se lança com Sheran, e tantos obreiros do amor, aos despenhadeiros da ignomínia espiritual, buscando almas que choram, que clamam, que acordam... e as que fogem, que afrontam, que confrontam, que gemem, que envenenam a si mesmas e que lutam em vão, com seu suspiro último, pela permanência neste orbe, onde não mais estagiarão...
Meu filho é o lume na escuridão das estradas da vida humana... é o guia seguro na floresta dos perigos iminentes da vossa vida material... é o farol que alerta sobre a saga dos inimigos espreitando as vossas lacunas de vigilância... é a candeia que ilumina a moradia secreta de vossas aspirações, dentro de vossos corações...
Meu filho é flâmula de esperança... é bandeira de vitória!

Meu filho vive! E vive no espírito do regozijo da vida verdadeira... Vive, vivendo a sua causa indissolúvel de amar e lutar substancial e decisivamente por todos os seres humanos, nas suas trajetórias de ascensão, em odisséias intermináveis de experienciações evolutivas...
Meu filho é ressurreição eterna... é renascimento em cada um de vós com o seu perdão amoroso pelas vossas destemperanças, é como convite constante, eternizado pelos seus testemunhos à Terra, à transformação, à elevação e à iluminação...
Meu filho... Vosso guardião...  vosso pastor...!
Meu filho... Jesus...
É "Ele" o vosso galardão... o motivo e a motivação para viverdes estes dias da Paixão, de Páscoa e ressurreição... estes dias de celebração de sua suprema demonstração de amor a vós, à Terra e a Deus!
Filho! Eis aqui tua mãe desta tua passagem na Terra! Quero que o mundo saiba que continuo te referenciando... Continuo te seguindo... Continuo te amando!
Glória ao Pai nas Alturas e Paz na Terra aos Homens e Mulheres de Boa Vontade!!!
                                                                                                        Maria de Nazaré

Fonte: http://www.caminhosdeluz.org/A-438.htm

Suicídio de jovem forçada a casar com seu estuprador causa protestos Comentários

Ativistas marroquinos intensificaram a pressão para derrubar a lei que permite que estupradores casem com suas vítimas depois que uma menina de 16 anos cometeu suicídio. Amina Al Filali usou veneno de rato para tirar a própria vida após ficar casada por cinco meses com o homem que a violentou e que, desde a união permanente, a agredia fisicamente.
Uma petição online e uma manifestação prevista para este sábado (17) tratam da lei como "constrangedora" para o país. Os ativistas querem a suspensão do Artigo 475 da lei local que permite que estupradores escapem da prisão se eles aceitarem "restaurar as virtudes" da vítima - ou seja, se se casarem com ela.
Estuprada aos 15 anos, Amina foi obrigada a se casar com seu estuprador com apoio de um juiz. Pela lei do Marrocos, o crime de estupro é punido com 10 anos de prisão, chegando a 20 se a vítima for menor de idade.
"O artigo 475 é constrangedor para a imagem internacional de modernidade e democracia no Marrocos", disse à BBC Fouzia Assouli, presidente da Liga Democrática do Marrocos para os Direitos da Mulher. "No Marrocos, a lei protege a moralidade pública, mas não o indivíduo", acrescentou Assouli. 
Ela afirma ainda que legislação proibindo todas as formas de violência contra as mulheres, incluindo estupro dentro do casamento, está para ser implementada desde 2006.

Deserdada

A jornalista da BBC em Rabat, Nora Fakim, diz que em partes conservadoras do Marrocos é inaceitável para uma mulher perder a virgindade antes do casamento --e a desonra é dela e de sua família, mesmo que ela seja vitima de estupro. Amina veio da pequena cidade de Larache, perto de Tânger, ao norte do país. 
A idade legal do casamento em Marrocos é de 18 anos, salvo se houver "circunstâncias especiais" --que é a razão pela qual Amina era casada, apesar de ser menor de idade.
A imprensa local diz que a menina queixou-se a sua família sobre maus tratos, mas acabou deserdada, o que teria provocado o suicídio.
Testemunhas afirmam que o marido ficou tão indignado quando Amina tomou o veneno que a arrastou pelos cabelos pela rua --e ela morreu pouco depois.
Ativistas estão pedindo que o juiz que permitiu o casamento e o estuprador sejam presos. 
Estudo governamental realizado no último ano dá conta de que cerca de um quarto das marroquinas sofreram ataques de ordem sexual ao menos uma vez durante suas vidas.

Fonte: UOL

terça-feira, 13 de março de 2012

Assunto de Lei

Nunca prejudicarás a alguém sem prejudicar-te.
Nunca beneficiarás a essa ou aquela pessoa sem beneficiar a ti mesmo.
Através de nossas ações, sobre os outros, traçamos o próprio caminho.
Os companheiros de nossa estrada são fragmentos de que se nos constituirá o próprio futuro.
Esses apontamentos pertencem à Lei.

Autor: Emmanuel

Ama, Trabalha, Espera e Perdoa

Quando deu acordo de si, a noite havia fechado de todo. O céu oriental resplandecia de estrelas. Ventos suaves sopravam de longe, refrescando-lhe a fronte ia­candescida. Acomodou-se como pôde, entre as pedras agrestes, sem coragem de eximir-se ao silêncio da Natu­reza amiga. Não obstante prosseguir no curso de suas amargas reflexões, sentia-se mais calmo. Confiou ao Mestre as preocupações acerbas, pediu o remédio da sua misericórdia e procurou manter-se em repouso. Após a prece ardente, cessou de chorar, figurando-se-lhe que uma força superior e invisível lhe balsamizava as chagas da alma opressa.

Breve, em doce quietude do cérebro dolorido, sentiu que o sono começava a empolgá-lo. Suavíssima sensação de repouso proporcionava-lhe grande alívio. Estaria dor­mindo? Tinha a impressão de haver penetrado uma região de sonhos deliciosos. Sentia-se ágil e feliz. Tinha a impressão de que fora arrebatado a uma campina to­cada de luz primaveril, isenta e longe deste mundo. Flores brilhantes, como feitas de névoa colorida, desa­brochavam ao longo de estradas maravilhosas, rasgadas na região banhada de claridades indefiníveis. Tudo lhe falava de um mundo diferente. Aos seus ouvidos toavam harmonias suaves, dando idéia de cavatinas executadas ao longe, em harpas e alaúdes divinos. Desejava identificar a paisagem, definir-lhe os contornos, enriquecer observações, mas um sentimento profundo de paz deslum­brava-o inteiramente. Devia ter penetrado um reino ma­ravilhoso, porqüanto os portentos espirituais que se pa­tenteavam a seus olhos excediam todo entendimento. (2)

Mal não havia despertado desse deslumbramento, quando se sentiu presa de novas surpresas com a apro­ximação de alguém que pisava de leve, acercando-se de mansinho. Mais alguns instantes, viu Estevão e Abigail à sua frente, jovens e formosos, envergando vestes tão brilhantes e tão alvas que mais se assemelhavam a peplos de neve translúcida.

Incapaz de traduzir as sagradas comoções de sua alma, Saulo de Tarso ajoelhou-se e começou a chorar.

Os dois irmãos, que voltavam a encorajá-lo, apro­ximaram-Se com generoso sorriso.



— Levanta-te, Saulo! — disse Estevão com pro­funda bondade.



— Que é isso? Choras? — perguntou Abigail em tom blandicioso. — Estarias desalentado quando a tarefa apenas começa?

O moço tarsense, agora de pé, desatou em pranto convulsivo. Aquelas lágrimas não eram somente um desa­bafo do coração abandonado no mundo. Traduziam um júbilo infinito, uma gratidão imensa a Jesus, sempre pró­digo de proteção e benefícios. Quis aproximar-se, oscular as mãos de Estevão, rogar perdão para o nefando passado, mas foi o mártir do “Caminho” que, na luz de sua res­surreição gloriosa, aproximou-se do ex-rabino e o abra­çou efusivamente, como se o fizesse a um irmão amado. Depois, beijando-lhe a fronte, murmurou com ternura:

— Saulo, não te detenhas no passado! Quem haverá, no mundo, isento de erros? Só Jesus foi puro!...

O ex-discípulo de Gamaliel sentia-se mergulhado em verdadeiro oceano de venturas. Queria falar das suas alegrias infindas, agradecer tamanhas dádivas, mas indô­mita emoção lhe selava os lábios e confundia o coração. Amparado por Estevão, que lhe sorria em silêncio, viu Abigail mais formosa que nunca, recordando-lhe as flores da primavera na casa humilde do caminho de Jope. Não pôde furtar-se às reflexões do homem, esquecer os sonhos desfeitos, lembrando-os, acima de tudo, naquele glorioso minuto da sua vida. Pensou no lar que poderia ter cons­tituído; no carinho com que a jovem de Corinto lhe cuidaria dos filhos afetuosos; no amor insubstituível que sua dedicação lhe poderia dar. Mas, compreendendo-lhe os mais íntimos pensamentos, a noiva espiritual aproxi­mou-se, tomou-lhe a destra calejada nos labores rudes do deserto e falou comovidamente:

— Nunca nos faltará um lar... Tê-lo-emos no cora­ção de quantos vierem à nossa estrada. Quanto aos filhos, temos a família imensa que Jesus nos legou em sua mise­ricórdia... Os filhos do Calvário são nossos também... Eles estão em toda parte, esperando a herança do Sal­vador.

O moço tarsense entendeu a carinhosa advertência, arquivando-a no imo do coração.

— Não te entregues ao desalento — continuou Abi­gail, generosa e solícita —; nossos antepassados conhe­ceram o Deus dos Exércitos, que era o dono dos triunfos sangrentos, do ouro e da prata do mundo; nós, porém, conhecemos o Pai, que é o Senhor de nosso coração. A Lei nos destacava a fé, pela riqueza das dádivas ma­teriais nos sacrifícios; mas o Evangelho nos conhece pela confiança inesgotável e pela fé ativa ao serviço do Todo-Poderoso. É preciso ser fiel a Deus, Saulo! Ainda que o mundo inteiro se voltasse contra ti, possuirias o tesouro inesgotável do coração fiel. A paz triunfante do Cristo é a da alma laboriosa, que obedece e confia... Não tornes a recalcitrar contra os aguilhões. Esvazia-te dos pensamentos do mundo. Quando hajas esgotado a der­radeira gota da posca dos enganos terrenos, Jesus enche­rá teu espírito de claridades imortais!...

Experimentando infindo consolo, Saulo chegava a perturbar-se pela incapacidade de articular uma frase. As exortações de Abigail calar-lhe-iam para sempre. Nunca mais permitiria que o desânimo se apossasse dele. Enorme esperança represava-se, agora, em seu íntimo. Trabalharia para o Cristo em todos os lugares e circunstâncias. O Mestre sacrificara-se por todos os ho­mens. Dedicar-lhe a existência representava um nobre dever. Enquanto formulava estes pensamentos, recordou a dificuldade de harmonizar-se com as criaturas. Encon­traria lutas. Lembrou a promessa de Jesus, de que estaria presente onde houvesse irmãos reunidos em seu nome. Mas tudo lhe pareceu subitamente difícil naquela rápida operação intelectual. As sinagogas combatiam-se entre si. A própria igreja de Jerusalém tendia, nova­mente, às influências judaizantes. Foi aí que Abigail res­pondeu, de novo, aos seus apelos íntimos, exclamando com infinito carinho:

— Reclamas companheiros concordes contigo nas edificações evangélicas. Mas é preciso lembrar que Jesus não os teve. Os apóstolos não puderam concordar com o Mestre senão com o auxílio do Céu, depois da Res­surreição e do Pentecostes. Os mais amados dormiam, enquanto Ele, agoniado, orava no horto. Uns negaram-no, outros fugiram na hora decisiva. Concorda com Jesus e trabalha. O caminho para Deus está subdividido em ver­dadeira infinidade de planos. O espírito passará sozinho de uma esfera para outra. Toda elevação é difícil, mas somente aí encontramos a vitória real. Recorda a “porta estreita” das lições evangélicas e caminha. Quando seja oportuno, Jesus chamará ao teu labor os que possam concordar contigo, em seu nome. Dedica-te ao Mestre em todos os instantes de tua vida. Serve-o com energia e ternura, como quem sabe que a realização espiritual reclama o concurso de todos os sentimentos que enobre­çam a alma.

Saulo estava enlevado. Não poderia traduzir as sen­sações cariciosas que lhe represavam no coração tomado de inefável contentamento. Esperanças novas bafeja­vam-lhe a alma. Em sua retina espiritual desdobrava-se radioso futuro. Quis mover-se, agradecer a dádiva sublime, mas a emoção privava-o de qualquer manifestação afetiva. Entretanto, pairava-lhe no espírito uma grande interrogação. Que fazer, doravante, para triunfar? Como completar as noções sagradas que lhe competia exempli­ficar praticamente, sem anotação de sacrifícios? Deixan­do perceber que lhe ouvia as mais secretas interpelações, Abigail adiantou-se, sempre carinhosa:

— Saulo, para certeza da vitória no escabroso cami­nho, lembra-te de que é preciso dar: Jesus deu ao mundo quanto possuía e, acima de tudo, deu-nos a compreensão intuitiva das nossas fraquezas, para tolerarmos as misé­rias humanas...

O moço tarsense notou que Estevão, nesse ínterim, se despedia, endereçando-lhe um olhar fraterno.

Abigail, por sua vez, apertava-lhe as mãos com imensa ternura. O ex-rabino desejaria prolongar a deli­ciosa visão para o resto da vida, manter-se junto dela para sempre; contudo, a entidade querida esboçava um gesto de amoroso adeus. Esforçou-se, então, por catalo­gar apressadamente suas necessidades espirituais, dese­joso de ouvi-la relativamente aos problemas que o de­frontavam. Ansioso de aproveitar as mínimas parcelas daquele glorioso, fugaz minuto, Saulo alinhava mental­mente grande número de perguntas. Que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo?

— Ama! — respondeu Abigail espontaneamente.

Mas, como proceder de modo a enriquecermos na virtude divina? Jesus aconselha o amor aos próprios inimigos. Entretanto, considerava quão difícil devia ser semelhante realização. Penoso testemunhar dedicação, sem o real entendimento dos outros. Como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus-Cristo?

— Trabalha! — esclareceu a noiva amada, sorrindo bondosamente.

Abigail tinha razão. Era necessário realizar a obra de aperfeiçoamento interior. Desejava ardentemente fa­zê-lo. Para isso insulara-se no deserto, por mais de mil dias consecutivos.

Todavia, voltando ao ambiente do esforço coletivo, em cooperação com antigos companhei­ros, acalentava sadias esperanças que se converteram em dolorosas perplexidades.

Que providências adotar contra o desânimo destruidor?

— Espera! — disse ela ainda, num gesto de terna solicitude, como quem desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.

Ouvindo-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira dos seus dias mais ásperos. Sa­beria aguardar o porvir com as bênçãos do Altíssimo. Confiaria na sua misericórdia. Não desdenharia as opor­tunidades do serviço redentor. Mas... os homens? Em toda parte medrava a confusão nos espíritos. Reconhecia que, de fato, a concordância geral em torno dos ensina­mentos do Mestre Divino representava uma das realiza­ções mais difíceis, no desdobramento do Evangelho; mas, além disso, as criaturas pareciam igualmente desinteressadas da verdade e da luz. Os israelitas agarravam-se à Lei de Moisés, intensificando o regime das hipocrisias farisaicas; os seguidores do “Caminho” aproximavam-se novamente das sinagogas, fugiam dos gentios, subme­tiam-se, rigorosamente, aos processos da circuncisão. Onde a liberdade do Cristo? Onde as vastas esperanças que o seu amor trouxera à Humanidade inteira, sem exclusão dos filhos de outras raças? Concordavam em que se fazia indispensável a mar, trabalhar, esperar; entre­tanto, como agir no âmbito de forças tão heterogêneas? Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens?
 
 Abigail apertou-lhe as mãos com mais ternura, a indicar as despedidas, e acentuou docemente:

— Perdoa!...

Em seguida, seu vulto luminoso pareceu diluir-se como se fosse feito de fragmentos de aurora.

Empolgado pela maravilhosa revelação, Saulo viu-se só, sem saber como coordenar as expressões do próprio deslumbramento. Na região, que se coroava de claridades infinitas, sentiam-se vibrações de misteriosa beleza. Aos seus ouvidos continuavam chegando ecos longínquos de sublimes harmonias siderais, que pareciam traduzir men­sagens de amor, oriundas de sóis distantes... Ajoe­lhou-se e orou! Agradeceu ao Senhor a maravilha das suas bênçãos. Daí a instantes, como se energias impon­deráveis o reconduzissem ao ambiente da Terra, sentiu-se no leito rústico, improvisado entre as pedras. Incapaz de esclarecer o prodigioso fenômeno, Saulo de Tarso contemplou os céus, embevecido.

O infinito azul do firmamento não era um abismo em cujo fundo brilhavam estrelas... A seus olhos, o espaço adquiria nova significação; devia estar cheio de expressões de vida, que ao homem comum não era dado compreender. Haveria corpos celestes, como os havia terrestres. A criatura não estava abandonada, em par­ticular, pelos poderes supremos da Criação. A bondade de Deus excedia a toda a inteligência humana. Os que se haviam libertado da carne voltavam do plano espiritual por confortar os que permaneciam a distância. Para Estevão, ele fora verdugo cruel; para Abigail, noivo ingrato. Entretanto, permitia o Senhor que ambos regressassem à paisagem caliginosa do mundo, reani­mando-lhe o coração. A existência planetária alcançava novo sentido nas suas elucubrações profundas. Ninguém estaria abandonado, Os homens mais miseráveis teriam no céu quem os acompanhasse com desvelada dedicação. Por mais duras que fossem as experiências humanas, a vida, agora, assumia nova feição de harm onia e beleza eternas.

A Natureza estava calma. O luar esplendia no alto em vibrações de encanto indefinível. De quando em quan­do, o vento sussurrava de leve, espalhando mensagens misteriosas. Lufadas cariciosas acalmavam a fronte do pensador, que se embevecia na recordação imediata de suas maravilhosas visões do mundo invisível.

Experimentando uma paz até então desconhecida, acreditou que renascia naquele momento para uma exis­tência muito diversa. Singular serenidade tocava-lhe o espírito. Uma compreensão diferente felicitava-o para o reinício da jornada no mundo. Guardaria o lema de Abigail, para sempre. O amor, o trabalho, a esperança e o perdão seriam seus companheiros inseparáveis. Cheio de dedicação por todos os seres, aguardaria as oportu­nidades que Jesus lhe concedesse, abstendo-se de pro­vocar situações, e, nesse passo, saberia tolerar a ignorân­cia ou a fraqueza alheias, ciente de que também ele carregava um passado condenável, que, nada obstante, merecera a compaixão do Cristo.

Autor: Emmanuel

Preso tem 90 dias para conseguir emprego e ficar em regime aberto

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por votação unanime, ao julgar o Habeas Corpus nº 213303 concedeu a ordem determinando à paciente a possibilidade de progressão de regime que passou do semiaberto para o aberto, estipulando, contudo, o prazo de 90 (noventa) dias para que ela demonstre a obtenção de trabalho lícito formalizado em termo de compromisso.
Tratava-se do caso de uma paciente condenada por tráfico de drogas a oito anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, que em face da decisão do Tribunal de Justiça do Estado de são Paulo teve a concessão da progressão de regime cassada. O argumento, para a cassação foi o de que o artigo 114, I, da Lei de Execuções Penais (LEP – Lei 7.210/84) determina que para a progressão para o regime aberto, a condenada deve estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente.
No STJ, o relator, desembargador convocado Vasco Della Giustina, entendeu ser “(…) razoável conceder ao apenado um prazo para, em regime aberto, procurar e obter emprego lícito, apresentando, posteriormente, a respectiva comprovação da ocupação”, e desta forma concedeu à condenada o prazo de 90 dias para que esta consiga um emprego e comprove à Justiça.
Ao entender dos ministros, o artigo 114, inciso I, da LEP deve ser utilizado de acordo com a realidade dos presos no Brasil, que certamente têm grande dificuldade em voltar ao mercado de trabalho após terem sido condenados em ação penal.

Fonte:
BRASIL – Superior Tribunal de Justiça. HC 213303 – Preso que progride para o regime aberto tem 90 dias para conseguir emprego – 12 de mar. de 2012. Disponível em: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=105009&utm_source=agencia&utm_medium=email&utm_campaign=pushsco Acesso em: 12 de mar. de 2012.