A
conversa seguia animada, em saudável debate de ideias, após mais uma
aula do Curso Básico de Espiritismo (gratuito, como qualquer actividade
numa associação espírita). Falava-se da Lei de Causa e Efeito, onde cada
um de nós, espíritos eternos, colhemos nesta vida e após a morte do
corpo de carne, de acordo com aquilo que semearmos no passado e no nosso
hoje.
Já há 2 mil anos atrás Jesus de Nazaré ensinara à humanidade tal Lei, ao referir que "A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória",
ensinando-nos que cada um de nós colherá, quer no mundo espiritual,
quer em vidas futuras, de acordo com aquilo que tiver semeado no seu
passado.
Na
perspectiva da continuidade da vida para além da morte do corpo físico,
aliás conforme as evidências científicas de hoje apontam, é justo e
lógico que assim seja, pois sendo espíritos eternos, nós somos hoje o
que fomos ontem e assim sucessivamente, já que a Natureza não dá saltos
evolutivos. A evolução faz-se gradativamente, paulatinamente, daí a
necessidade de trabalharmos o nosso mundo íntimo, de modo a que quando a
Vida nos chamar para novo plano existencial (o plano espiritual),
possamos fazer essa transição o mais serenamente possível, no que
concerne ao nosso estado de alma, ao nosso íntimo.
A meio da conversa, a pergunta estalou:
"E os políticos para onde vão no mundo espiritual, aqueles que roubam o povo, que enganam, que recebem reformas chorudas?"
Rimo-nos pela espontaneidade da pergunta sem maldade, bem como da sua actualidade.
Lembrámo-nos
de um facto passado com o Prof. Dr. Raul Teixeira, Físico, professor
universitário, espírita, conferencista de alto nível e médium de grande
recursos. Certo dia ia efectuar uma conferência numa cidade importante
do Brasil, e ao dirigir-se para almoçar num restaurante, com os seus
anfitriões, enquanto esperavam que o semáforo abrisse para atravessarem
larga avenida, ele via uma mulher andrajosa ali ao lado, no caixote do
lixo a procurar comida e a separar o lixo mais limpo do mais sujo. Tal
cena causou-lhe tamanha impressão, que perdeu a vontade de almoçar, pese
embora a necessidade de o fazer. Enquanto se tentava recompor
mentalmente, já no restaurante, pensando naquele ser que nada tinha, e
ele ali num restaurante com os seus amigos, apareceu-lhe, através do
fenómeno da vidência espiritual, um espírito amigo que o acompanha na
sua tarefa doutrinária, que o acalmou, referindo que mesmo que fosse dar
comida limpa àquela senhora ela recusaria. E o Espírito, em breves
pinceladas contou a história daquela mulher, que nesta vida era a
reencarnação de um famoso político brasileiro, ainda hoje muito
conceituado, e que por ter prejudicado tanto o povo, tinha reencarnado
numa condição miserável, devido ao mecanismo do complexo de culpa que
fez, após a morte do corpo de carne, no mundo espiritual (onde não
conseguimos esconder nada, nem de nós, nem dos outros), voltando numa
condição miserável para aprender a valorizar aquilo que ele tanto
desprezara na vida anterior: as dificuldades financeiras do próximo.
Curiosamente, o nome desse famoso político estava afixado nesse local,
dando nome à avenida, e essa mulher, por um mecanismo de fixação
inconsciente, não largava aquele local onde outrora lhe prestaram
grandes homenagens. Não era um castigo divino, mas sim uma decorrência
da Lei de Causa e Efeito, onde cada um colhe de acordo com os seus
actos, pensamentos e sentimentos.
No mundo espiritual, e em futuras reencarnações, cada um colhe
de acordo com o que semeou no seu passado. Assim se justificam as dissemelhanças de sofrimentos morais entre os homens.
Sendo
o Espiritismo uma ciência de observação e uma filosofia de
consequências morais, cujos princípios têm vindo a ser confirmados por
muitos cientistas que se dedicam à pesquisa do Espírito, como seria bem
diferente o nosso planeta se todos aqueles que roubam, que enganam, que
se aproveitam do poder que têm, que exploram os empregados, se
conhecessem a reencarnação (hoje uma evidência científica), a
imortalidade do espírito e a comunicabilidade dos espíritos.
Esse
conhecimento dar-lhes-ia um novo rumo existencial, na certeza de que
todos os nossos actos se repercutirão inevitavelmente sobre nós, para o
bem ou para o mal, conforme a qualidade dos mesmos, nesta vida, no mundo
espiritual e em vidas futuras.
Estudando
e pesquisando o Espiritismo, qualquer pessoa pode aferir das mesmas
descobertas, demonstrando assim a universalidade dos ensinamentos que os
Espíritos deram.
Tentar escamotear a situação com um simples "eu não acredito nisso", não vai alterar a responsabilidade que cada um de nós tem sobre os seus pensamentos, sentimentos e atitudes.
Gostaríamos
de poder responder a quem nos questionou, que os políticos e todos os
homens de poder no nosso planeta Terra, se sentiriam felizes no mundo
espiritual, ao sentirem o seu dever cumprido, em prol do povo que
lideraram, com justiça, com lealdade. Mas, infelizmente, essa ainda não é
a nossa realidade e também não será, com profunda pena nossa, a
realidade futura dos actores políticos que nos governam na Terra, em
futuras reencarnações, onde terão de reparar os seus erros e abusos com
dolorosas expiações.
Bibliografia:
Kardec, Allan - "O Livro dos Espíritos"
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