quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Homem dado como morto está vivo em asilo no Vale do Rio Doce

Oliveiro Pereira da Costa, dado como morto em 2011, foi encontrado vivo em um asilo em Pescador, Minas Gerais.

Em 30 de dezembro de 2011, Oliveiro deu entrada no Hospital Municipal de Governador Valadares com traumatismo craniano e fratura na perna. Ele teria sido vítima de um atropelamento na BR-116, próximo a cidade de Engenheiro Caldas, a 48 km de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.
No entanto, na mesma data, um homem que seria Oliveiro Pereira Costa foi enterrado em Aldeia, distrito de Conselheiro Pena. Uma certidão de óbito lavrada em Virginópolis, a 118 km de Valadares, consta que Oliveiro está morto.
Mas em janeiro deste ano, uma assistente social do Hospital Municipal de Valadares entrou em contato com um asilo que fica na cidade Pescador, a 100 km de Valadares solicitando uma vaga para Oliveiro que havia tido alta. No dia 14 de janeiro Oliveiro Pereira da Costa foi para o asilo em Pescador.
 O nosso asilo costuma receber pessoas idosas, com problemas mentais, pessoas que não têm benefícios e geralmente o Hospital Municipal manda pessoas para que a gente acolha. Foi assim que recebemos o seu Oliveiro, quase em estado vegetativo, que trazia consigo apenas uma pequena bolsa com pedaços de documentos”, conta Francesca Martins Meira Visconti, enfermeira voluntária e uma das coordenadoras do asilo.
Oliveiro Pereira não andava, nem falava quando chegou no asilo. Através dos pedaços da sua certidão de nascimento a enfermeira Francesca conseguiu descobrir a cidade de origem de Oliveiro. Uma segunda via do documento foi pedida. Mas para surpresa da presidente do asilo, Cleuma Simara Silva, havia também uma certidão de óbito que atestava, Oliveiro Pereira da Costa estava morto.
“O oficial do cartório nos disse que o Oliveiro havia sido velado e enterrado no distrito de Aldeia. Alguns moradores disseram que o velório havia sido com caixão fechado por recomendações médicas”, diz Francesca Visconti.

Segundo a presidente do asilo, os filhos do Oliveiro foram até o asilo, reconheceram o pai e tentaram levá-lo, mas não houve permissão. “Não permitimos porque ele está sob nossa responsabilidade. Quando falamos que iríamos até a polícia fazer uma ocorrência eles tentaram nos impedir, dizendo que não havia necessidade e que o caso seria resolvido entre eles. Nós não aceitamos e fizemos a ocorrência porque queremos entender esse caso”, afirma Cleuma Silva.
Investigação
O boletim de ocorrência foi feito e o caso está sendo investigado pela defensoria pública de Governador Valadares. A certidão de óbito tem como declarante uma pessoa que seria funcionário de uma empresa de seguro de vida. Consta também na certidão que Oliveiro deixava bens e três filhos maiores de idade, um rapaz de 22 anos e duas mulheres de 23 e 26 anos.
“O caso está bastante confuso. Os filhos nunca mais retornaram até o asilo e quando ligam só querem saber se vamos deixá-los levar o pai embora. Até dinheiro nos ofereceram para deixarmos a história de lado. Inclusive, o declarante da certidão de óbito que seria funcionário de uma empresa de seguro de vida também nos pediu para deixarmos o caso que eles resolveriam”, diz Francesca.

Respostas
Agora Cleuma Silva e Francesca Visconti esperam por respostas para questões que segundo elas estão confusas. “Queremos saber o que de fato aconteceu com seu Oliveiro já que nenhum atropelamento foi registrado pela polícia naquele dia. Como ele foi parar no hospital? Queremos saber também quem foi enterrado em Aldeia no dia 30 de dezembro. Tudo isso precisa ser respondido. Enquanto isso ele fica com a gente. Aqui ele está sendo muito bem cuidado e feliz”, afirma Cleuma.
As duas filhas de Oliveiro estão em Belo Horizonte e o filho em Aldeia. Eles não quiseram falar sobre o caso. Um exumação do corpo enterrado em Aldeia deve ser pedida na próxima semana.

Fonte: G1

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